segunda-feira, 13 de abril de 2009

Merda que é merda mesmo


A decadência do teatro é assustadora. Não faz muito tempo, ir ao teatro era sinônimo de excelente momento cultural. E tinha certo glamour e status.
Embora hoje esteja mais popular, eu conheço pouquíssimas pessoas que apreciam e frequentam teatro. Eu não vou tanto quanto gostaria, mas sempre que posso e me interesso por uma peça, me esforço para assisti-la. E geralmente me arrependo depois. A última que assisti, Lúcio 80-30, é inspirada na vida dos atores globais Lucio Mauro e Lucio Mauro Filho.
Fui na estreia em SP, mas a peça ficou em cartaz por um ano no Rio. Sentei em um lugar com vista privilegiada. Só que privilegiada demais. Enquanto as pessoas ocupavam seus lugares, reparei que um cara palitava os dentes. Eu lá, toda lady, vendo um cara palitar os dentes dentro do teatro! Parece mentira, mas ele não era o único. Alguns minutos depois, vi outro cara que também palitava os dentes e se contorcia, chupava o palito, enfiava o dedo goela a baixo! Que nojo! O pior é que ambos estavam acompanhados. Dá pra acreditar? Como uma mulher consegue ficar ao lado de um cara que palita os dentes no teatro?
Enfim, pensei que a peça valeria ter passado por essa situação de extrema vergonha alheia, mas não, eu a senti triplicada depois. A proposta é maravilhosa, mas a concepção foi desastrosa. Tudo se passa em um quarto de hospital, no qual Lucio Mauro, o pai, está internado. Enquanto o visita, Lucio Filho tem a brilhante ideia de fazer uma peça de teatro sobre os dois. Só que, o pai é ótimo, mas o filho é péssimo. Grita feito louco e faz micagens fora de hora. O texto é muito ruim e também é dele, do Filho.
A peça ser um desastre já é muito chato, mas o pior é que a galera gostou. A plateia riu do começo ao fim. Me incomoda profundamente quando as pessoas riem sem motivo. Uma coisa é escolher ser feliz e ter bom humor, outra é ser abobado e rir de tudo, pôxa. Vamos elevar nosso nível de exigência, pessoal! Vamos aplaudir o que vale a pena de verdade. Só assim os nossos artistas vão gastar energia em trabalhos realmente bons. Não há peça sem plateia, TV sem audiência, artista sem público. A escolha é nossa. Sejamos seletivos.

3 comentários:

Ronaldo Furlan disse...

Concordo plenamente com esse post. Infelizmente nesse país muitas vezes popularizar significa perda de qualidade.

Anônimo disse...

O teatro tá uma bagunça mesmo. Até os artistas têm o "nível de exigência" lá no pé. De cada dez peças, nove são medíocres.

fernando disse...

O teatro está cada vez pior, mas isso é o retrato da sociedade que não tem nível cultural. Fui também nessa peça horrível e fiquei revoltado com a platéia que dava risada o tempo todo de um texto primário. A maioria da pessoas hoje, se contenta com muito pouco em todos os sentidos.